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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Um alguém


Sentado no canto do seu quarto escuro e vazio, não sentia nada. Não sentia fome, nem frio.
Só se punha a pensar. Seu corpo era como se flutuasse no vazio do quarto, da casa. Tentava lembrar o último dia que se sentiu feliz, tentava esquecer as críticas, os desapontamentos, as ilusões que não saíam da cabeça. Acreditava que entre as ruas desertas de sua cidade, estava de passagem, como um mero viajante. Mil coisas boiavam nesse mar de incertezas.
Procurava entender o que ele tinha de errado, ou extraordinário talvez. Mas levava mais para o seu lado obscuro. Onde só se via sendo testado todos os dias. Tentava procurar em alguém, um alguém. Um sentimento alegre. Por mais que sentisse orgulho de si mesmo, tinha sempre, todos os dias, grudado em sua cabeça, o fato de que não era bom o bastante para as pessoas a quem ele mais amava.  Sentia que suas noites vinham de lugar nenhum e seus dias passavam sem rumo, indo para lugar algum. O que mais desejava era ser melhor, porque para ele mesmo, ele era o pior.
Pensou e pensou, virou a noite. O dia clareou. Um raio de sol invadiu sua janela. Nessa hora, todas as respostas vieram a sua cabeça. Percebeu que dentro de seu corpo e sua mente, passavam-se dias chuvosos e que esses dias atrapalhavam o sol chegar. Então ele decidiu que para ser bom para alguém, deveria ser o melhor para si próprio. Desde então, sua mente e seu corpo vivem dias de verão, e o sol agora não se põe nunca.

Letícia Rodrigues

Um comentário:

  1. Só conhece o mundo aquele q conhece a si. A melhor maneira de conhecer-se é experimentando!

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