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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Um alguém


Sentado no canto do seu quarto escuro e vazio, não sentia nada. Não sentia fome, nem frio.
Só se punha a pensar. Seu corpo era como se flutuasse no vazio do quarto, da casa. Tentava lembrar o último dia que se sentiu feliz, tentava esquecer as críticas, os desapontamentos, as ilusões que não saíam da cabeça. Acreditava que entre as ruas desertas de sua cidade, estava de passagem, como um mero viajante. Mil coisas boiavam nesse mar de incertezas.
Procurava entender o que ele tinha de errado, ou extraordinário talvez. Mas levava mais para o seu lado obscuro. Onde só se via sendo testado todos os dias. Tentava procurar em alguém, um alguém. Um sentimento alegre. Por mais que sentisse orgulho de si mesmo, tinha sempre, todos os dias, grudado em sua cabeça, o fato de que não era bom o bastante para as pessoas a quem ele mais amava.  Sentia que suas noites vinham de lugar nenhum e seus dias passavam sem rumo, indo para lugar algum. O que mais desejava era ser melhor, porque para ele mesmo, ele era o pior.
Pensou e pensou, virou a noite. O dia clareou. Um raio de sol invadiu sua janela. Nessa hora, todas as respostas vieram a sua cabeça. Percebeu que dentro de seu corpo e sua mente, passavam-se dias chuvosos e que esses dias atrapalhavam o sol chegar. Então ele decidiu que para ser bom para alguém, deveria ser o melhor para si próprio. Desde então, sua mente e seu corpo vivem dias de verão, e o sol agora não se põe nunca.

Letícia Rodrigues

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Relógio Humano

Dizem os sábios, que quanto mais nós vivemos, mais aprendemos, mais amadurecemos, e mais somos sábios. Isso é verdade.

E aqui vai um pouco do muito que eu tenho pensado nesses últimos dias:
O que temos esperado? Pelo o que, ou por quem temos esperado?
Muitas pessoas vivem suas vidas em funções diárias de praticidade. Procuram buscar no emprego ou na família, um meio mais rápido para se resolver todos os problemas. Quanto mais o tempo passa, nosso dia a dia fica mais corrido, o tempo passa como se uma hora fosse a última hora do dia. Pensando sobre isso, cheguei á conclusão: Por que temos que viver e agir dessa maneira? Por que temos tão pouco tempo?
Será que vivemos á espera de algum tempo a mais no dia ? Será que esperamos uma aceitação? Um pedido? Uma forma de trazer mais prática e menos perda de tempo na vida? Uma mudança? Uma surpresa?
Muita espera, muita perda de tempo, e menos realizações.
Acredito que nós não devíamos esperar por tanto, pois mal sabemos nos controlar, controlar nosso tempo.
Mas sei de uma coisa, que todos devíamos tentar, dar mais importância.
Devíamos perceber que a vida não é feita de dinheiro, de conforto, de praticidade. A vida está nas pequenas coisas, nos pequenos gestos de amor, confiança, amizade. A vida está naquele casal de velhinhos sentados na praça, que depois de tantos anos juntos, ainda se amam, se acariciam, se beijam. Talvez esteja também, naquela pessoa que sempre te ajudou, e agora que ela precisa de você, você não tem tempo de ajudá-la, ou até mesmo, naquela pessoa que você pensa ser um nada, um dia você verá como ela é, e vai vê-la  de outra forma.
O que eu espero, é uma mudança. Não só em mim, mas na sociedade, que tem se desvalorizado,deixando de lado seus desejos, suas afeições, suas qualidades, tudo pela falta do tempo, e a busca pela forma mais fácil de se fazer qualquer coisa.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Nostalgia

Aqui estão pequenas lembranças, de um tempo que não voltará mais.
Acordar cedo e ir para a escola de tênis bamba, carregando a merendeira, chegar na escola, fazer rabiscos com giz de cera e a professora achar lindo. Chegar em casa, ver Castelo Ra Tim Bum, Xuxa, Thundercats, Família Dinossauro,TV Colosso, Disney Crouje. Em seguida,brincar um pouco com seus brinquedos: Barbie, Tamaguchi, Pula Pirata, Tazo Mania, Vaivem, Lego, iô-iô, Playmobil, Atari, Fofão.
Nessa época, as crianças brincavam, se divertiam, eram crianças de verdade. Diferentemente das crianças de hoje, que querem ser adultas, procurando adiantar a melhor época de suas vidas. Acredito que nós, crianças dos anos 80 ou 90 éramos sim,  muito felizes. Não tínhamos preocupação com o dia de amanhã, tampouco se a roupa que vestíamos estava na moda "Restart". Nossas únicas preocupações eram: qual seria a próxima brincadeira, ou qual figurinha falta para completar meu álbum.
Pudera eu ter realmente uma máquina como no filme De volta para o Futuro. Entretanto, gostaria que ela me levasse até o passado, onde eu pudesse ser criança novamente, brincar, dormir no colo da minha mãe...
Como as coisas são engraçadas, enquanto se é criança o maior desejo é se tornar adulto, agora, consideramos a nossa infância a melhor parte de nossas vidas. A vida é assim. Quando somos felizes, nunca estamos satisfeitos, então quando perdemos valorizamos tudo muito mais.
Então, aqui fica um pouco do que eu gostaria de lembrar. Espero que todos possamos guardar com muito carinho essas imagens, e que um dia possamos passar isto para nossos filhos.
São tantas lembranças, e todas me deixam com saudade, que até me permito viver nesta nostalgia.

Letícia Rodrigues

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Destino


O mundo nos dias de hoje, está muito confuso para mim.Acredito  que não só para mim, mas também para muitas pessoas. Nós não temos mais uma base certa, um solo seguro para caminhar e construir nossa história. Acredito  que isso esteja acontecendo, por tantas coisas já terem acontecido, em tantos anos de existência do mundo.
Ao andar pela rua, no carro, a pé, de bicicleta, o jeito que for. Vejo pessoas por toda parte. Confesso que tento ler seus pensamentos, tento adivinhar para que elas vivem, em que elas pensam, para onde estão indo ou de onde vieram. Tento adivinhar qual é o tesouro de suas vidas. São pessoas que passam pela minha frente, e depois de alguns minutos, desaparecem na minha memória.
Vejo-me tentando entender, por que não podemos dizer oi, conversar, contar nossos problemas, falar das nossas vidas. Ás vezes, vejo alguém passando ao meu lado, tão estressado com a vida, com seu cotidiano, que não tem nem tempo de olhar para o lado e ver tantas coisas boas. Paro para pensar, que todos nós estamos aqui pelo mesmo motivo, somos todos ao mesmo tempo tão iguais e tão diferentes, achamos que somos tão fortes quando somos tão fracos, quando vemos o tamanho do mundo, do universo em que vivemos. Percebemos que não somos nada comparados a ele.
Então me pergunto, se existe outra razão. Se existe realmente um destino ou se nossa vida aqui é passageira. Tento imaginar o que acontece após a morte. De tudo que eu vivi, de tudo que já presenciei ou apenas vi. Não sei se acredito, não sei mais em que pensar, ou argumentar. 
Portanto, sobre todas essas coisas, sobre todos os meus desejos, dúvidas e marcas que ficaram em minha vida, eu só tenho certeza de uma: Deus. Ele é a razão de tudo, é a razão de ainda existirmos.


Letícia de Freitas Rodrigues